quarta-feira, 25 de julho de 2007

Os homens bombados a óleo!!!


Os homens bombados a óleo!!!

Não muito tempo atrás, podíamos ouvir que o atleta tal é drug free (natural), ou seja, que não fazia uso de esteróides anabólicos ou outras substâncias hormonais como GH e insulina para ficar gigante. Hoje, com a vasta utilização incontrolável dos hormônios esse conceito está ficando cada vez mais banalizado no mundo do fisiculturismo.

O termo que se passou a ouvir é que o atleta é Synthol Free . Um esporte que já sofre preconceitos pelo claro abuso de drogas anabólicas, há algum tempo se tornou mais bizarro pela atitude indiscriminada de alguns atletas que começaram a apelar para o uso de drogas a base de óleos para inflar os músculos (Synthol, Esiclene).

Tudo iniciou com o uso de um esteróide muito fraco produzido na Itália de nome Esiclene. Logo atletas observaram que a droga causava muito inchaço local, sendo que pela lógica do atleta : se o inchaço ocorre no meu glúteo, que este seja então no bíceps (a não ser que se trate de concurso Popozudo do Ano).

Hoje na América e na Europa encontram-se os “inocentes” Pump n' Pose, anunciados em algumas revistas especializadas e pela internet, como se fossem óleos para passar na pele, mas todo mundo sabe que a real utilidade é injetá-los pelo corpo inteiro com injeções profundas, geralmente no ventre muscular.

Os principais locais de aplicação são as regiões em que o atleta se acha mais deficitário. “Definitivamente muita gente grande andando por aí não tem seus músculos totalmente constituídos a base de proteína”.

Por aqui, na terra tupiniquim, são os tais de Estigor e ADE. Na verdade, medicações veterinárias com compostos vitamínicos diluídos em óleos de alta viscosidade que muita gente está utilizando para inflar os músculos e temporariamente produzir inchaço por inflamação e consecutivo aumento das medidas.

Vale lembrar que nessas substâncias existem vitaminas e que o excesso destas pode provocar sintomas de hipervitaminose. Bem, se o objetivo é realmente cosmético, poderíamos comparar isso com implantes de silicone ou implantes penianos infláveis. Só que há indivíduos que não suportam observar o músculo intumescido voltando para o estado anterior e tome óleo sucessivamente já que o grande efeito se mantém pelo período de no máximo 5 dias após a última aplicação.

Esse é o caso da utilização do Esiclene e da aplicação localizada de outros esteróides de base oleosa. Já o tal de Synthol ou Muscle Sheed (a versão inglesa) é baseado em um óleo de maior densidade o MCT (triglicerídeo de cadeia média), é bom que os loucos de plantão saibam que este é um tipo farmacológico esterelizado de MCT, e não esses que se pode encontrar em lojas de suplementos, normalmente utilizados em dietas cetogênicas.

Pela característica do óleo e outras misturas, a permanência do efeito é bem maior e pode durar anos. De fato, o óleo se mistura às fibras musculares dando maior volume e até definição muscular, agora, imaginem uma substância estranha ao corpo humano permanecendo no sistema durante anos. Se em implantes de silicone feitos em clínicas especializadas e que possuem revestimento já ocorrem reações adversas, imaginem os problemas a curto e longo prazo que óleos de fabricação obscura para aplicação caseira podem acarretar? De fato, essas injeções localizadas causam melhor efeito cosmético em grupos musculares menores como bíceps, tríceps e panturrilha. Em grupos maiores e mais longos, como nos músculos da perna, poderá formar ridículos calombos localizados ou uma série deles, se houverem diversas aplicações, gerando uma anatomia totalmente disforme.

Alguns fisiculturistas ou entusiastas preferem valorizar uma determinada região muscular, como os braços, por exemplo, e injetam óleo somente nessa parte criando, assim, uma grande desproporção de desenvolvimento com as outras partes do corpo, o que para um atleta competitivo certamente custará alguns pontos.

Observem que alguns atletas profissionais nunca ganham competições ou sequer ficam entre os 6 primeiros por terem evidência do uso de drogas localizadas. Em competições amadoras, talvez, existam alguns indivíduos portando troféu por que alguns juízes não são muito instruídos. Por outro lado, tem alguns usuários de drogas localizadas que conseguem impressionar juízes mal informados ou algum "paga-pau" mais idiota.

Agora, imaginem o fígado processando todo esse óleo, ou a possibilidade desse ser aplicado em um vaso sanguíneo e causar uma embolia, como em Milos Sarcev, que por pouco não foi a óbito, já esses idiotas de Goiania não tiveram a mesma sorte, injetando 60ml de uma mistura de substacias de uso veterinario, vejam bem, o problema não foi as substancias porque o hormonio e as vitaminas são as mesmas tanto para animais como para humanos mas a concentração dos mesmos, sendo que para cada 350 a 400kg usamos 10ml, e esses idiotas injetaram na veia, colocando mais lenha na fogueira em nosso mal visto esporte MUSCULAÇÃO, com uma manchete de primeira pagina - ADOLECENTE MORRE POR USO DE ANABOLIZANTES EM ACADEMIA.

Ocorrências como hematomas e fibroses são também muito comuns. Existe um ex-fisiculturista amigo meu que teve os bíceps deformados pelas aplicações locais de várias substâncias e hoje parecem duros como rocha sem possuírem mais total capacidade de contração de tanta mistura de drogas que foi aplicada.

Certa vez há alguns anos na Inglaterra, eu e um fisiculturista profissional com quem treinava na época estivemos em um laboratório clandestino de produção de óleo para fisiculturistas. Misturava-se num mesmo frasco Formebolone, Sustanom, óleo MCT e Winstrol para diminuir a viscosidade (dentro de outras coisas drogas de base aquosa são as mais susceptíveis a contaminação). O dono do “empreendimento” estava orgulhoso porque tudo era produzido em perfeitas condições de higiene.

Realmente, os dois funcionários que trabalhavam na produção vestiam aventais, luvas, máscaras e gorro. Mas para nossa surpresa, a porta de vidro foi repentinamente aberta pelo “empresário” que nos convidou para inspecionar de perto a produção. Lá estávamos nos, sem proteção nenhuma, respirando todas as nossas bactérias em cima daquelas substâncias.

Meses após o mesmo atleta que me acompanhava estava sofrendo de grave infecção na região tricipital onde aplicara o “maravilhoso” óleo. Vejam, apenas me sinto no direito e principalmente na obrigação de alertar. Camaradas, conheci fisiculturistas que fazem mais de 30 aplicações localizadas, com vários mls cada, antes de um show, não antes de administrar morfina para suportar a dor de tamanha obsessão. Vejam, que aplicações localizadas são muito dolorosas e de alto risco. Apesar de algumas possuírem anestésicos como a lidocaína, usuários são unânimes em afirmar que não adianta coisa nenhuma.

Os insistentes afirmam que a dor vai sendo mais tolerável com o passar das aplicações. Outra ocorrência muito comum são os abscessos, já perceberam a pele de vários “atletas” com cicatrizes causadas por abscesso? É como se fosse uma marca de vacina em forma de um pequeno sol. Essas marcas muitas vezes são visíveis pelo corpo inteiro.

Quem acompanha o meu trabalho sabe exatamente que não uso de hipocrisia ou pensamentos puristas, mas definitivamente isso não é fisiculturismo, injeções localizadas não podem ser substitutos de um treino árduo e ótima alimentação. Efeitos de injeções localizadas são ridiculamente visíveis, se você estiver neste esporte se fiando totalmente nesse método, deveria na verdade cair fora e arrumar um emprego decente ou estudar.

Da mesma forma que a IFBB adotou teste para tentar eliminar o uso de diuréticos após a morte de Mohamed Benaziza, e despontuação para extrema definição (Deus guarde em bom lugar Andreas Munzer) deveria tomar providências, também, quanto ao abuso destes óleos que vem se tornando uma prática de grande risco para a saúde e a vida dos atletas. Sem contar que já tenho saudades de peitorais grandes e planos como os de Franco Columbo, bíceps pontiagudos como os de Arnold Schwarznegger e tríceps bem formados como os de Rob Robson.

Muitos profissionais atuais parecem ter físicos muito iguais, com músculos muito arredondados e desenvolvimento descomunal de grupos pequenos, que pela anatomia e característica do músculo jamais poderiam alcançar tamanho desenvolvimento, nem com todos os anabolizantes disponíveis.

Atletas de alto nível servem como exemplo para os jovens . Em minhas viagens ja observei vários “falso fortes”, na maioria pós-adolescentes que sequer competem mas que possuem o bracinho com mais de 50cm de puro óleo. São verdadeiras latas de óleo ambulantes. Existem atletas que sequer aquecem da forma tradicional, o aquecimento é a agulha uma ou duas horas antes do bizarro show. Na verdade, mesmo alguns atletas mais sensatos estão se vendo na obrigação de injetar aqui e ali para competir em pé de igualdade com os outros, o pensamento comum é: se todo mundo está usando, vou usar também.

Companheiros, sensatez e cuidado são as melhores palavras.

Waldemar Marques Guimarães Neto.

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