quarta-feira, 18 de julho de 2007

Musculação para adolescentes, mitos e verdades...


Musculação para adolescentes, mitos e verdades...


Este tema está sendo tratado de maneira inadequada em nossa imprensa, com matérias exagerando os riscos do treinamento com pesos para adolescentes. Desta maneira, muitos jovens podem estar sendo afastados de uma atividade física que, como qualquer outra, é promotora de saúde e aptidão.

lnicialmente deve ser esclarecido que os riscos do treinamento com pesos para crianças e adolescentes já estão bem estabelecidos em literatura científica e são menores do que em muitas outras atividades físicas consideradas seguras. Atualmente não se admite mais que afirmações e condutas sejam baseadas em hipóteses teóricas, sem a preocupação de buscar fundamentação em resultados de trabalhos científicos, ou pelo menos nas impressões pessoais de quem tem experiência na área.



Esses resultados ou impressões são as chamadas "evidências" ou seja, respostas da natureza que podem indicar com mais segurança onde está a verdade. Não existem evidências de que a musculação para adolescentes seja muito perigosa. Como em toda atividade física alguns riscos existem, mas são poucos e facilmente evitáveis.

Uma das afirmações mais comuns encontradas em publicações não especializadas é a de que o desejo dos adolescentes de aumentarem a massa muscular é anormal ou patoIógico. Não conhecemos estudos de psicologia que justifiquem essa afirmação. A impressão de muitos profissionais envolvidos com jovens praticantes de musculação é que não existe nada de anormal com esses adolescentes. Neste sentido, a única preocupação que os adultos devem ter com esses jovens é de evitar que essa necessidade seja canalizada exclusivamente para uma área, seja esportiva ou inteIectual, em detrimento de uma formação global do indivíduo.



O prejuízo ao crescimento estatural dos adolescentes praticantes de musculação é freqüentemente apresentado como um risco do que chamam de "excesso de musculação". Não há como definir o que seja "excesso de musculação". O desempenho atlético em geral parece ser diretamente proporcional à massa muscular e, para os padrões estéticos de muitos, quanto mais músculos, meIhor. Na realidade, excesso de treinamento é o que deve ser evitado.

Atividade física excessiva de qualquer tipo pode diminuir a produção dos hormônios sexuais, o que é um dos indicadores da situação conhecida como "over-training". Nessa situação, o ganho de massa muscular diminui, pode ocorrer atraso no desenvolvimento das características sexuais secundárias, mas o que acontece com o crescimento estatural dos adolescentes não é conhecido. Uma das possibilidades é que ocorra um aumento da estatura, pois os hormônios sexuais fecham as epífises ósseas. Na musculação, todos os técnicos e professores bem formados sabem que o excesso de treinamento deve ser evitado para que possa ocorrer aumento adequado de massa muscular. Assim sendo, excesso de treinamento não é comum na musculação, sendo muito mais freqüente em outras atividades esportivas ou mesmo recreacionais.

O treinamento para hipertrofia também tem sido apontado como indesejável para adolescentes com a justificativa de que pode produzir Iesões ou mesmo doenças. No entanto, não há evidências de que o treinamento para hipertrofia esteja associado com prejuízos para a saúde. A tendência atual é utilizar treinamento para hipertrofia para todos os objetivos da muscuIação. Força potência e resistência musculares são quaIidades de aptidão inseparáveis do aumento em volume dos músculos esqueléticos.

O aumento da taxa metabólica e uma melhor capacidade homeostática bioquímica dependem diretamente da massa muscular. Os exercícios com baixas repetições oferecem a melhor associação de qualidades possíveis de serem estimuladas pela musculação. além de maior segurança cardiovascular. Por essas razões, pessoas idosas, debilitadas e convalescentes estão atualmente sendo orientadas em treinamento para hipertrofia. Não há evidências sugestivas e não é sensato imaginar que adolescentes não possam fazer o que fazem os idosos.





Algumas lesões podem ocorrer na prática da musculação, mas não são freqüentes. Nos EEUU, onde 45 milhões de pessoas se exercitam regularmente com pesos, menos de 1% das consultas médicas em serviços de emergência são devidas a lesões em treinamento com pesos. Além disto, a maioria das lesões ocorrem nos Ievantamentos de peso competitivos e não no treinamento com pesos. Lesões graves das epífises ósseas e fraturas são muito raras. Estatísticas mostram que lesões como as distensões de músculos e Iigamentos podem ser precipitadas pelo uso de cargas excessivas, treinamento mal orientado e equipamento mal projetado. Cargas excessivas em musculação são aquelas que impedem a execução correta dos movimentos, sendo a sua utilização um erro técnico primário, detectado por qualquer instrutor.

Ao contrário, esforços excessivos são freqüentes e inevitáveis em atividades como o futebol e outros jogos com bola. Tais esforços produzem as mesmas Iesões encontradas na musculação, com muito mais freqüência, e a mídia não parece estar preocupada com elas. Praticantes de todas as modalidades esportivas também costumam freqüentar academias de musculação, e se muitos deles apresentam lesões, isto não significa que tais Iesões tenham sido produzidas pelo treinamento com pesos.

Na verdade, o treinamento com pesos pode ser terapêutico para muitas lesões esportivas, e também profilático. Esportivas em geral, incluindo crianças, apresentam menor incidência de lesões em suas modalidades quando estão protegidos pelo fortalecimento muscular induzido pelo treinamento com pesos. A elasticidade dos músculos submetidos ao treinamento para hipertrofia aumenta, ao contrário de afirmações que às vezes encontramos, e não há evidências de que as articulações possam ser prejudicadas por qualquer mecanismo. Os tendões são falecidos pelo treinamento para hipertrofia, e as rupturas às vezes apresentadas por atletas em esforço máximo são provavelmente, devidas ao uso de anabolizantes.

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